motivos para chorar não me faltam. ando pelas ruas de santos em meio a temperatura desregulada tal qual meu humor.
nas últimas semanas, minha expressão favorita tem sido “tô com a cabeça cheia de coisas”. a utilizo principalmente para chorar em hora e lugar errado. seja criando um post para uma empresa de plástico injetável ou um roteiro para uma plataforma de desenvolvimento de sites, me pego enxugando lágrimas que não estão mais presas. ou como diz o ditado, a represa abriu e não tô conseguindo encontrar um jeito de fechá-la.
triste, porém real.
a oscilação de humor tem sido discutida em sessões de terapia, consultas com a psiquiatra e na finalização da avaliação neuropsicológica. que se revelou o motivo do “tô com a cabeça cheia de coisas”.
quero poder falar abertamente sobre o que anda acontecendo sem me desmanchar em lágrimas. quero tentar me entender e me fazer entender sem precisar sentir culpa por talvez descobrir algo aos 41 anos. acho que nessa idade, ninguém merece mais tomar sustos da vida. ainda mais com a represa de choro engolido sem controle e com a cabeça cheia de coisas.
os dias têm sido uma montanha-russa emocional, indo de momentos de alegria e esperança para mergulhos profundos de tristeza e angústia. o sorriso no rosto é só uma máscara que inutilmente encobre as lágrimas que caem. e, em meio a essa turbulência emocional, percorro as ruas de santos, onde até a temperatura parece refletir meu estado de espírito instável.
a frase "tô com a cabeça cheia de coisas" tem se tornado meu mantra, uma forma de explicar o inexplicável, de justificar o injustificável. enquanto me pego tentando seguir com a vida, os acontecimentos parecem se desenrolar diante dos meus olhos como um filme onde sou apenas a telespectadora. o mundo ao meu redor continua em movimento, mas eu me sinto presa em uma esfera de melancolia, tentando desvendar o enigma por trás dessa agitação interna (que possivelmente já tem nome).
a represa de choro engolido precisa encontrar uma forma de se esvaziar, permitindo que eu expresse minhas emoções sem receios. quero ser capaz de me olhar no espelho e enxergar alguém em paz com suas inquietações e incertezas, alguém que pode chorar, sorrir e se reinventar. pois, no fim das contas, é a honestidade comigo mesmo que me permitirá desvendar os segredos por trás da cabeça cheia de coisas.
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